Cocolitoforídeos

As algas microscópicas são os principais produtores dos oceanos, formando o primeiro elo da longa cadeia alimentar dos organismos marinhos.

Ao morrerem, vão descendo para os fundos marinhos restos quer de animais quer de vegetais. Alguns são comidos, digeridos e transformados em nova matéria viva, ou são decompostos por bactérias, num processo que culmina com a mineralização da matéria orgânica que acaba por se transformar em fosfatos, nitratos e anidrido carbónico.

A turbulência das águas e o regime de ventos faz com que parte desses "adubos inorgânicos" seja arrastada para a superfície onde fica, de novo, à disposição do fitoplâncton. Nos locais onde afloram essas águas profundas, ricas de nutrientes trazidos pelas correntes de "uwelling", o fitoplâncton é particularmente abundante. A sua existência permite o desenvolvimento de inúmeros microrganismos animais (zooplâncton), que dele se alimentam, e do qual dependem grandes quantidades de peixes incluindo o tubarão baleia e o peixe frade e alguns mamíferos como as baleias de barbas.

De entre os componentes do fitoplâncton merecem destaque os cocolitoforídeos. São organismos unicelulares, fotossintéticos, com esqueleto formado de carbonato de cálcio. Pertencem ao mesmo grupo de algas que as diatomáceas (Crisoficófitas). São extremamente pequenos (3-15 mm) e vivem, preferentemente, em ambientes oeânicos com águas oxigenadas, límpidas e quentes. São flagelados, dotados de uma carapaça externa (cocosfera) constituída por diversos elementos que encaixam uns nos outros (cocolitos) e que, em regra, se dissociam após a morte.

Os pormenores da organização das placas que constituem o esqueleto são observáveis ao microscópio electrónico de varrimento.

Podem ocorrer em grandes concentrações que, após a morte, contribuem para a acumulação denormes volumes de sedimentos.

Apareceram no final do Triásico (cerca de 220 milhões de anos). Diversificaram-se daí em diante. No Cretácio (145 a 65 milhões de anos) e no Terciário (os últimos 65 milhões de anos) foram tão abundantes que se formaram vasas calcárias que cobriram as plataformas continentais. Estas vasas originaram os depósitos de cré (calcários pulverulentos, de granulometria muito fina, brancos), que chegam a conter até 10 milhões de cocolitos por mm3.

As falésias brancas da periferia do Canal da Mancha, tanto em Inglaterra como em França, são constituídas por estes depósitos.

João Pais jjp@mail.fct.unl.pt

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