O nosso parque Jurássico Caros subscritores José Brilha - jbrilha@dct.uminho.pt (Out/97)
O nosso Parque Jurássico Maria Helena Henriques* Portugal possui um património paleontológico que, nalguns casos,
atinge relevância internacional. Refiro-me, por exemplo, às falésias
do Cabo Mondego, situadas a Norte da Figueira da Foz, onde é possível
observar um dos melhores registos dos sedimentos do Jurássico.
Em maré de "Expos" e de preocupações políticas com os oceanos,
é no mínimo caricato que um local onde é possivel observar testemunhos
da vida e da dinâmica sedimentar de um ambiente marinho de idade
jurássica ainda não tenha sido objecto de protecção legal. Isto
quando a comunidade científica internacional já o declarou, através
das instituições próprias, como um local de referência mundial
para aquele período da história da Terra. O processo de classificacao do Cabo Mondego como Monumento Natural
arrasta-se há quase vinte anos, sem que nada nem ninguém ponha
cobro ao desmantelamento contínuo das falésias que constituem
jazigos fósseis de valor incalculável para a reconstituição da
vida do passado. Além disso, não é possível impedir a colecta
selvagem de fósseis que são sistematicamente levados para fora
do país, e que fazem parte do espólio de museus por esse mundo
fora, ou que constituem o objecto de estudo de investigadores
estrangeiros que, em Portugal, encontram um local privilegiado
para pesquisas no âmbito da Paleontologia, sem se sentirem obrigados
a integrar-se nos projectos de investigação desenvolvidos pelos
portugueses sobre os mesmos temas. É frequente a apresentação de trabalhos científicos sobre as associações
de fósseis registadas em afloramentos do Jurássico português em
reuniões da especialidade efectuadas no estrangeiro, protagonizadas
por cientistas que recolheram e estudaram o material fóssil sem
que o Estado Português, proprietário legitimo desse valioso espólio,
tenha qualquer contrapartida na situação. Dada a dificuldade que
genericamente os cientistas portugueses têm na divulgação do trabalho
que desenvolvem nos foruns internacionais, a sensação que fica
é que não vale a pena continuar as suas pesquisas sobre materiais
tão importantes, porque nunca chegamos a tempo. Será que merecemos
o Jurássico que temos, se são os outros que o estudam, o divulgam
e o protagonizam? Esta situação de "pilhagem científica" de objectos de estudo tão
raros como os fósseis, que não estão inventariados nem protegidos
por lei, é anacrónica num país europeu. Isso só é possível porque
efectivamente o objecto fóssil, testemunho irrepetivel de algo
que foi outrora um ser vivo, não é considerado como património
nacional. E de todos, de quem o quiser levar ou comercializar,
menos nosso. Não existe qualquer legislação sobre esta matéria.
Aliás, na escassa legislação portuguesa sobre áreas protegidas,
a preocupação com a conservação da Natureza concentra-se exclusivamente
sobre objectos biológicos, e aos objectos geológicos, cuja existência
é ignorada, resta a figura de Monumento Natural. O desfasamento que temos em relação à legislação do mesmo teor
existente noutros paises europeus e enorme, e a pratica que conhecemos
da aplicacao da nossa legislação e pouco recomendável. Protege-se
pontualmente um jazigo fóssil, ao sabor de contextos políticos,
e não porque tenhamos uma estratégia global de conservação e valorização
do nosso património paleontológico. Portugal é rico de geo-recursos
culturais, alguns de reconhecido valor supra-nacional, e que estão
totalmente desprotegidos do ponto de vista legal. A situação é
insustentável, perigosa e de custos incalculáveis. É preciso parar
com esta delapidação sistemática de um património que é de todos
nós. Estão em causa recursos geológicos, de índole cultural, cuja
exposição e conteúdo são particularmente significativos para reconhecer
e interpretar os processos geológicos que modelaram o nosso planeta.
Constituem recursos não-renováveis, que se apresentam extremamente
vulneráveis dado não estarem explicitamente reconhecidos nem na
legislação sobre protecção ambiental, nem na legislação sobre
exploração de recursos geológicos. *Professora de paleontologia da Universidade de Coimbra
Re: O nosso parque Jurássico Caro José Brilha Sofia Diniz - Urbe.Defa@mail.telepac.pt (Out/97)
Re: O nosso parque Jurássico Caros colegas Tambem será de sublinhar a integração de certas jazidas (e.x.
Cacela, que até tem placas de aviso sobre punições a aplicar no
caso de recolha de fósseis) em áreas protegidas associadas a parques.
Julgo que o que se passa no caso concreto do estratotipo "menino
dos olhos" da Helena (com todo o MÉRITO INTERNACIONAL, diga-se)
é que existem por detrás poderes económicos fortíssimos, no caso
a indústria cimenteira, que bloqueiam completamente, nos bastidores,
qualquer iniciativa que se possa avancar. E isto é que precisa
de ser dito ALTO E EM BOM SOM. Se a experiência que resulta das
lutas e guerras do Prof. Galopim face ao todo poderoso Ministério
das Auto-estradas serve de exemplo, penso que o que é preciso
é apontar as nossas (melhores) baterias bem alto. FORÇA HELENA....
No caso das jazidas em Parques Naturais ou reservas integrais,
não interessa só legislar (penso que nalguns destes casos, alguma
legislação atá já existe). É' fundamental dotar estes organismos
de força humana (guardas, vigilantes; porque não investigadores
?!) capaz de vigiar e fazer respeitar a protecção de jazidas e/ou
outros georrecursos. Porque não elevar o nivel cientifico-cultural
dos componentes da GNR (atravás de sessões patrocinadas pelo governo,
sob a directiva dos Departamentos de Geologia espalhados pelo
País ?. Da minha parte disponibilizo-me desde já para poder colaborar
nesta iniciativa) sensibilizando-os para a protecção deste património.
Lá diz o ditado: Quem não sabe é como quem não vê (ou protege).
Ao fim de um certo tempo talvez podessemos ter aqui algo semelhante
ao que se passa na vizinha Espanha, com a Guardia Civil a zelar
e confiscar materiais recolhidos de jazidas espanholas. Saudações paleontogeológicas,
GNR ----------- Geologia Neo-Repressiva ----------- GNR Caros assinantes: Isto é, em vez de serem promovidas sessões de divulgação pelas
escolas e pelos jovens do nosso país, serem feitas campanhas nacionais
através dos grandes meios de comunicação social e principalmente
promover e aliciar as populações locais da necessidade de proteger
essas zonas, é defendida uma clara política repressiva (a GNR
com diplomas em paleontologia numa mão e o cacete na outra) que
evidentemente não consegue preservar coisa nenhuma. É tempo das pessoas entenderem que o problema da preservação do
nosso património não está desligado do resto dos nossos problemas
como a falta de civismo, a falta de respeito pela vida alheia
que se vê nas nossas estradas, etc. Todos este problema passam
pelo AUMENTO CULTURAL e pela EDUCAÇÃO CIVICA de todos os portugueses.
E para conseguir isso terá que se investir cada vez mais nas escolas
e nos jovens do nosso país. Evidentemente que não sou contra (antes pelo contrário) a elevar
o nível científico-cultural dos componentes da GNR. Acho muito
bem, só que não apenas ao nivel geológico mas a todos os niveis.
Todos nós teríamos a lucrar com isso. Mais, na maior parte dos
países dito civilizados os Guardas de reservas não pertencem a
nenhuma força para-militar e são geralmente licenciados em especialidades
como a Biologia, Geologia, etc. Já agora quero também referir que se não se motivar as populações
dessas zonas a participarem activamente na preservação do nosso
património, quaisquer medidas que sejam tomadas pelos nossos burocratas,
sentados nos seus gabinetes em Lisboa, estão condenadas ao fracasso.
A titulo de exemplo refiro o tumulto que tem havido quanto à pastoricia
em zonas protegidas. Nós geralmente esquecemo-nos de que antes haver o conceito de
"área protegida" já as populações utilizavam essas áreas para
seu proveito de uma forma racional. Dificilmente as populações
locais aceitarão medidas desta natureza e apoiarão no futuro acções
que tendam a preservar o nosso património. Já chega de prosa, mas não podia deixar passar esta em branco.
Luis Guerreiro - guerreiro@expro.pt (Out/97)
Re: GNR ----------- Geologia Neo-Repressiva ----------- GNR Carissimos Mário Cachão - mcachao@fc.ul.pt (Out/97)
GNR - Geologia NÃO repressiva Caros colegas de lista Cabe aqui notar que tais iniciativas ter-se-ão devido mais a alguma
demagogia politica, coincidente com periodos eleitorais, do que,
por um lado a genuina discussão do seu valor e interesse científico
pelos especialistas, e por outro a real consciencialização do
poder politico e das populações. É certamente dever dos especialistas
(geólogos, paleontólogos, etc) discutir e documentar cientificamente
o interesse da conservação de determinados afloramentos/secções/cortes
geológicos e também alertar o poder politico para isso. É necessário
contudo ter algum bom senso e não se cair na utopia conservacionista
de tudo e de nada e, em certos casos, procurar mesmo alternativas
ao dispendio de milhões para a conservação de determinados sítios
que embora com interesse, não justificam tal esforço dos pontos
de vista cientifico e social; sobretudo se comparados com outros
sitios, de que muitas vezes nem se fala (talvez porque não tenham
vestigios de Dinossauros), e que se encontram sujeitos a verdadeiras
barbaridades. Na minha opinião, seria mais importante que os candidatos a politico
se cultivassem um pouco mais nestes domínios (monumento natural,
património geológico, jazigo fóssil, divulgação científica, etc)
do que pretendermos resolver o problema pela força bruta [ainda
que com aval cientifico ;-)) ] dos Guardas civis, republicanos
ou florestais! Por outras palavras, diria que assistiria com muito
mais agrado a uma lição do colega Mário Cachão aos Srs Deputados
da Assembleia da República Portuguesa... do que aos Srs GNRs.
E julgo mesmo que os Senhores candidatos a autarcas não podem
deixar perder a oportunidade de mostrar/propagandear aos seus
eleitores que as suas câmaras pertencem mesmo a Europa e que são
conhecedoras e preocupadas com a natureza através, p.ex., do simples
recenseamento e anúncio público dos sitios com mais interesse
de conservação (paisagísticos, geológicos, paleontológicos, etc.)
das suas autarquias. Posso dizer, por ter verificado "in loco", que é muito frequente
encontrar no estrangeiro (até já mesmo aqui na vizinha Espanha)
placas camarárias indicando o alto interesse científico e de conservação
junto dos afloramentos geológicos mais interessantes. E que boa
maneira de começar a consciencializar os cidadãos para estes assuntos...
ainda que a preservação destes locais implique sem dúvida que
a GNR, Guardia Civil ou outra força qualquer, esteja atenta e
actue sempre que haja infracção. De outro modo mais vale estar calado, pois qualquer alerta publicitário
para a ocorrência de um interessante jazigo fóssil conduz irremediavelmente
e a breve prazo à sua devastadora pilhagem (mesmo pelos ditos
especialistas). Isto leva-me a colocar aqui uma outra questão:
nas actuais circunstâncias, quando levamos 50 ou mais alunos para
observar uma importante jazida fossilífera não estamos também
a contribuir para que dentro de muito pouco tempo não exista lá
nada de interessante? Um geoabraço
GNR (cont.) Caros colegas Saudações Geológicas
GNR (II) Caríssimos colegas Não estou em condições de levar esta ideia avante sózinho mas
muito gostaria de colaborar nela. Um abraco, Cidadania e Património Paleontológico Bom, Como cidadãos professores, não nos competirá a nós, em primeira
mão, alertar e despertar os nossos alunos para as questões da
defesa e preservação do património G/P? Fazer-lhe sentir que há
algo de importante a preservar e que eles, enquanto estudantes
e futuros profissionais (geólogos e professores) estão na primeira
linha dessa defesa. Não nos competirá a nós NÃO levar os nossos
50 (ou 150) alunos para locais sensíveis do ponto de vista da
preservação do G/P? E, sobretudo, EXPLICAR-LHES por que é que
não se vai a tal ou tal jazida ou afloramento, ou por que em determinado
afloramento NÃO PODEM martelar? Afinal de contas para fazer um
trabalho de Paleontologia ou uma saída de campo de Geologia na
faculdade não é necessário ir martelar para o Xisto de Burgess,
ou para a Área Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica
ou para Cacela (sempre são 50, ou 150 pessoas a martelar..., sobretudo
se não estiverem devidamente catequizados). Existem outros locais
menos sensíveis, igualmente válidos para essa actividades, fora
das áreas protegidas. Por outro lado, como cidadãos consumidores. Quantos de nós (a
pergunta e' rectórica, eu penso que TODOS) já se confrontaram
com livros de divulgação científica de temática G/P mal traduzidos,
com documentários de temas geológicos mal revistos cientificamente
(frequentemente por biólogos, sem ofensa), com textos jornalisticos
com imprecisões cientifícas, etc. (Os exemplos são inúmeros, desde
os documentários do Discovery e da Odisseia da TVCabo que em português
(?!) falam de Cretáceo e Amonitas (ou ondas de lava, em vez de
escoadas), até às embalagens de cereais do Parque Jurássico com
Dinossáurios voadores e outros que tais...). Face a estas situações,
quantos de nós tomaram alguma iniciativa sobre o assunto, quantos
de nós se deram ao trabalho de escrever umas linhas aos responsáveis
por esses artigos de consumo cultural a comunicar-lhes o que pensávamos
sobre o assunto? Penso que não os suficientes. Possivelmente, se o fizessemos mais
frequentemente, talvez conseguissemos incomodar alguém ao ponto
de no futuro ter mais cuidado com o produto final (uma carta não
faz a Primavera, certo, mas 50!!!, divulgadas também, por exemplo,
via GeoPor). Ao fim e ao cabo, ao permitir este estado de coisas
sem reagir, estamos a dar um tiro no pé, pois estamos a deixar
difundir a ideia de que estes temas são uma coisa tão banal e
sem regras que podem ser abordados, traduzidos e divulgados de
qualquer maneira e por qual quer pessoa (sem preparação para tal,
entenda-se), e de que, se assim é, os profissionais de Geologia
e Paleontologia sao desnecessários. Além do mais estamos a pactuar
a divulgação de uma cultura da ignorância, pois muito gente absorve
esses produtos culturais na melhor das boas-fés, sem suspeitar
que lhe estão a impingir um produto impróprio para consumo (verificar
a data de validade de uma conserva qualquer um faz, verificar
a qualidade de uma tradução geológica e denunciar o "gato por
lebre" compete-nos a nós). Bom, a conversa já vai longa (não quero martirizar-vos), por agora
(eu) fico por aqui. Contudo, acho que a discussão não devia terminar.
Talvez esta seja a altura certa para começar a atirar o barro
do património Geológico/Paleontológico à parede institucional
(de uma maneira generalizada e integrada - não apenas limitada
aos dinossáurios, que entretanto já cumpriram a sua missão como
catalizadores da discussão), mas para isso é necessário haver
ideias, agitação mental "brainstorming", que apoie esse lançar
de "barro". Cumprimentos geológicos para todos, Re: Cidadania e Património Paleontológico Tenho vindo a acompanhar, sem intervir, esta discussão. Nós na
Urbe não nos dedicamos directamente ao tipo de preocupações que
o Carlos Marques da Silva, designadamente, se dedica. No entanto,
parece que, se queremos preversar qualquer tipo de património,
temos de o tornar interessante, divertido e um elemento de orgulho
de todos. Doutro modo, temos de provocar, ou ir provocando, a
entrada da preservação desse património na sensibilidade social
do povo que é o nosso. Perdem-me a ignorância, alguém me pode
dizer se existe esse tipo de património levantado nalgum centro
urbano português? E se sim, o que é que ele pode dizer às pessoas
que aí habitam sobre as suas origens? Que detalhes divertidos,
pitorescos ou curiosos se podem expôr? Desculpem se estas perguntas forem extemporâneas, mas se uma civilização
se mede pela tolerância que desenvolve relativamente aos tolos,
mede-se também certamente pela pedagogia que os seus conhecedores
desenvolvem junto aos ignorantes. Rogério Gomes - tjuv0075@mail.telepac.pt (Out/97) PS - Se alguém quiser saber o que é a Urbe, estamos a construir
uma página em http://www.terravista.pt/bilene/1138
Re: Cidadania e Património Paleontológico Rogério Gomes "URBE.DEFA" <tjuv0075@mail.telepac.pt> escreveu:
>Perdem-me a ignorância, alguém me pode dizer se existe esse tipo
de património levantado nalgum centro urbano português? A preservação das pistas de dinossauros de Carenque e da pedreira
do Galinha são exemplos, embora o segundo não seja propriamente
em centro urbano. Outro exemplo poderiam ser "as Falésias do Cabo
Mondego". Existem outros locais, alguns em centros urbanos, que
poderiam merecer a atenção e possivel classificação de património
natural ou outra coisa equivalente (no sentido da necessidade
de preservação). Nalgumas áreas de reserva natural ou de paisagem
protegida foram feitos estudos e existem relatórios com informação
geológica/paleontológica (salvo erro). > E se sim, o que é que ele pode dizer às pessoas que aí habitam
sobre as suas origens? Que detalhes divertidos, pitorescos ou
curiosos se podem expôr? Estamos a falar de conjuntos de estratos/camadas geológicas que
podem conter fósseis (restos de seres vivos - alguns desaparecidos,
outros podendo ainda existir nos nossos dias - que habitaram o
nosso planeta em épocas remotas, ou apenas de vestígios da sua
actividade biológica (ovos, pegadas, coprólitos - fezes fossilizadas,
etc.). Os estratos e fósseis neles contidos, quando estudados
cientificamente, permitem ao geólogo a reconstituição da história
do nosso planeta. E' usual utilizarmos a metáfora de que são
como páginas do livro da História da Terra. Dado que o processo
de fossilização e' extremamente improvável (devido a todos os
condicionalismos bióticos (por. ex. depradação, decomposição orgânica)
e fisico-quimicos (erosão, dissolução) a ocorrência de fósseis
é sempre motivo de grande interesse para os paleontólogos ou até
mesmo para simples curiosos. Mesmo as rochas formadas num determinado
período da história da Terra não ficam sempre preservadas, grande
parte é destruida por erosão ou por outros fenómenos relacionados
com a geodinâmica. É pois, através do estudo de todos estes retalhinhos geológicos
que aparecem à superficie da terra (chamados afloramentos geológicos)
e das indicações que os fósseis que encerram nos fornecem acerca
da idade e do tipo de ambientes em que se formaram as ditas rochas,
que podemos ir "reunindo e ordenando" as páginas do grande livro
da história geológica do nosso planeta (cerca de 4,6Ma), incluindo:
a percepção e conhecimento da evolução da vida na Terra e das
relações filogenéticas dos diversos organismos; a evolução do
clima terrestre; o conhecimento das paisagens antigas e sua evolução
no tempo; a abertura e fecho de oceanos; a formação das cadeias
montanhosas, etc. O Rogério sabia que onde é hoje o Cabo Espichel, outrora passeavam-se
dinossáuros? Sabia que a região de Lisboa (há 60 a 70 Ma atrás)
esteve sujeita a acção vulcânica? Existem varias chaminés vulcânicas
e escoadas basálticas que ilustram bem o inferno dantesco! Sabia
que durante o Miocénico (no periodo de tempo entre os 24 e os
10Ma atrás) Lisboa foi várias vezes invadida pelo oceano e ficou
submersa, funcionando as serras de Sintra e da Arrábida como ilhas?
E sabia que nesses mares habitaram tubarões e baleias? Sabia que
o mar chegou perto de Santarém? E que em terra existiam antepassados
dos elefantes? Sabe que actualmente é extremamente difícil observar os primeiros
indícios destas trangressões marinhas (sedimentos de idade aquitaniana
- 24 a 21Ma) porque lhes puseram o COLOMBO em cima, e noutros
sítios existem prédios cujas fundações assentam neles? Ainda relativamente
aos fósseis, certas espécies são tão raras, ou então foram encontradas
e caracterizadas em Portugal pela primeira vez - tendo por isso
nomes com afinidades lusas, ex. Pokorniella lusitanica (ostracodo)
- que não é dificil entender o interesse nacional, senão mesmo
mundial, em preservar pelo menos um dos sítios da sua ocorrência
[Evidentemente que este interesse terá que ser devidamente discutido
e documentado cientificamente por especialistas nacionais e estrangeiros].
Existem pois, em Portugal, algumas das tais "páginas" ou "capitulos"
ou mesmo apenas "frases" da história do planeta Terra que não
podem ser facilmente substituidas por outras de outros locais
do mundo... e só por isso não acha que deviam ser preservadas?
>Desculpem se estas perguntas forem extemporâneas, mas se uma
civilização se mede pela tolerância que desenvolve relativamente
aos tolos, mede-se também certamente pela pedagogia que os seus
conhecedores desenvolvem junto aos ignorantes. Perguntar... não ofende! Oxalá eu tenha ajudado alguma coisinha.
Espero também que outros colegas ajudem a suprimir eventuais falhas/lapsos
que eu tenha cometido... pois, por mais conhecedores que sejamos
(e não será o caso)... isso nada representa relativamente aquilo
que falta conhecer. Paulo Legoinha - pal@mail.fct.unl.pt (Out/97)
Como é que é? Exmos Senhores (as), Caro Paulo, como é que é possivel terem existido dinossáuros se
o planeta só tem cerca de 4,6 Ma? Cerca de 4,6 Ma? Se calhar foram
menos. :-) Miocénico (periodo de tempo entre os 24 e os 10Ma atrás)? O que
é isso para uma tão curta história da terra? :-) Não seriam 4,6Ga ou por outra 4600 Ma. :-) Temos que ter cuidado não vão outros subscritores, eventualmente
menos entendidos nas ciências da terra, ficar com uma noção errada
da história do nosso planeta. E que tal começar a chamar aos afloramentos
de grandes dimesões tipo maciço de Sintra, maciço de Monchique,
etc, de "retalhinhos geológicos". :-0 Cumprimentos Re: Como é que é? Ooops!! Vejam so a diferença que dois zeros fazem! Ainda por cima
quando a unidade é o Ma! Mas ainda bem que suprimiste essa minha
falha/lapso... é sinal de que nem todos os da lista andam a dormir!
;-)) Pois é colega é assim mesmo! ... não há infaliveis! ou quem anda
à chuva molha-se! ou quem vai à guerra dá e leva! >E que tal comecar a chamar aos afloramentos de grandes dimensões
tipo maciço de Sintra, maciço de Monchique, etc, de "retalhinhos
geológicos". :-0 Retalhinhos??? Eu acho melhor RETALHÕES!!! ... mas ainda não fui
aos States, pelo que a escala pode estar a precisar de ser aferida!
;-)) Paulo Legoinha - pal@mail.fct.unl.pt (Out/97)
Geologia Urbana Rogério Gomes, URBE.DEFA wrote: >Perdem-me a ignorância, alguém me pode dizer se existe esse tipo
de património levantado nalgum centro urbano português? E se sim,
o que é que ele pode dizer às pessoas que aí habitam sobre as
suas origens? Que detalhes divertidos, pitorescos ou curiosos
se podem expôr? Pegando nesta pergunta do colega Rogério Gomes e na resposta do
colega Paulo Legoinha, tenho a acrescentar que, em Lisboa, como
resultado da cooperação entre o Museu Nacional de História Natural
e da Câmara Municipal, estão (há já algum tempo) a ser preparados
(creio que ainda não foram instalados, não tenho a certeza) séries
de painéis ("leitores de paisagem") que irão ser instalados em
locais de Lisboa onde afloram "microretalhinhos" ;-) da geologia
citadina. Estes leitores de paisagem alertam os viandantes para
aspectos geológicos patentes nos respectivos afloramentos: fósseis,
transgressões e regressões, utilização económica dos materiais
geológicos, tempo geológico, extinções, vulcanismo, etc., etc.
(aspectos que o Paulo Legoinha também referiu). Os leitores são
dotados de textos e de imagens alusivas ao tema abordado e procuram
chamar a atenção do público utente da cidade para aspectos da
Geologia, focando, precisamente, para aspectos que, de algum modo,
surpreendam o leigo e o cativem para saber mais sobre estas questões
(o que vai ao encontro do que o Rogério Gomes sugeria). GeoCumprimentos a todos, e, como diz o Martin Lockley (o das pegadas
de dinossáurio), "Hasta Bronto, amigos..." Carlos Marques da Silva - Paleo.Carlos@fc.ul.pt (Out/97)
Re: Geologia Urbana Agradeço o esclarecimento. Aliás, os esclarecimentos, contando
também com o de Joaquim António Simão. Leitores de paisagem são
uma boa ideia, parece-me. Então, o que é que se pode fazer mais?
Nada? Não me parece. Se há algo que nos une e caracteriza, como
portugueses, é que gostamos das nossas paisagens, das nossas raízes,
do nosso território - ainda quando contribuímos alegre ou ganaciosamente
para o alterar de modo pouco capaz. Não me parece que o espaço
da curiosidade acerca da formação da nossa paisagem, das características
físicas das terras em que vivemos, se tenha de esgotar aí. A título de exemplo - distante, é claro -, a Urbe está a fazer
roteiros da colina de Lisboa onde se integra o Hospital S. José,
o Campo dos Mártires da Pátria, etc. Um roteiro é sobre a vida
comercial local, outro sobre as riquezas patrimoniais (o terceiro
não me lembro, não participo do projecto, mas dentro em breve
ele vai estar resumido na nossa página) dessa área da Cidade.
Para além dos aspectos de turismo cultural urbano que pretendemos
desenvolver, há aqui uma tentativa de levar às pessoas que ali
habitam um pouco mais de conhecimento acerca da sua área, designadamente
aos habitantes recentes - sabemos que é uma área urbana que iniciou
a sua renovação social. O tipo de informações a que vocês têm acesso - e capacidade de
qualificar com os vossos instrumentos de conhecimento específicos
- podia ser utilizado do mesmo modo, para efeitos semelhantes.
Por outro lado, não me lembro de ter alguma vez visto um cenário
de rua composto duma imagem regredida duma paisagem de Lisboa.
Porquê? Há imensas coisas que se podem fazer para conhecermos melhor a
terra em que vivemos e a sua ancestralidade. Temos todos - ou
quase todos - o hábito da discrição, o que não ajuda a transmitir
para o exterior o que se conhece, a transmiti-lo a quem não sabe.
E todavia não seria esse, aparentemente, um dos fins da "construção
de sábios" numa sociedade livre? Ou seja - que me perdoem os mais
susceptíveis - não teremos todos obrigações sociais advenientes
das capacidades que desenvolvemos? O conhecimento que nos é facultado
não se decomporá também numa obrigação ética de investir um pouco
de tempo e imaginação na divulgação a terceiros, porventura desatentos,
desse conhecimento? Li diversas críticas ao modo como o nosso património é tratado,
do vosso ponto de vista, nesta discussão que tenho tido o privilégio
de acompanhar. Haverá maior crítica aos tempos de hoje, à sofreguido
e motivação com que se tomam determinadas decisões, do que a relativização
duma época no contexto do TEMPO? Costuma dizer-se que, por vezes, algum distanciamento expõe perante
nós o ridículo de algumas atitudes próprias, assim como de outros.
Esvazia-as do drama, reduz a sua côr, torna-as menos ideais e
mais nuas. Creio que o mesmo se passa com as decisões que afectam
uma sociedade. A dificuldade e o desafio consiste na exposição
distanciada delas na sua contemporaneidade. Todavia, nunca existiram
para o efeito tantos instrumentos disponíveis. E por vezes uma
questão de vontade. Rogério Gomes - tjuv0075@mail.telepac.pt (Out/97)
Ainda os Geomonumentos Caros subscritores Na mesma noticia, é ainda referido que encerram hoje as jornadas
técnicas organizadas pelo PNSAC "Geomunumentos, conservação da
natureza e desenvolvimento regional". Será que este encontro foi
bem divulgado? Não me parece! Não seria conveniente envolver toda
a comunidade geológica nacional neste debate? Se alguém tiver
acesso às conclusões do referido encontro seria bom que as enviasse
para esta lista. Saudações Geológicas Jose' Brilha - jbrilha@dct.uminho.pt (Out/97)
Dinoturismo Caros Colegas, Achei interessante dar a conhecer uma iniciativa turistica espanhola
que encontrei ha' dias na Feira Internacional de Lisboa dedicada
ao turismo. Estava a passar pelo pavilhao das Asturias e comecei
a retirar a informacao turistica sobre as cidades, os museus,
a natureza da regiao e achei piada a um folheto com um dinossauro
na capa que tambem guardei. Uma vez em casa Como nao tenho possibilidade de fazer, nem enviar copias para
todos passo a descrever. E' um folheto em formato A2 com o titulo
"Jurasico Asturias - La costa de los Dinosaurios". Comeca com
generalidades sobre os dinossauros e sobre o Jurassico, depois
explica, sempre de modo muito simples como se formam as pegadas,
dando ideia dos seus diferentes tipos e do dinossauro correspondente.
No interior tem uma carta de satelite da regiao, com localizacao
dos itinerarios; cada itinerario com um mapa ampliado da zona
a explicar como se pode ir e o que se pode ver. Ilustracoes das
praias e locais dos afloramento com fotos dos cortes com indicacao
esquematica, nao so' dos locais onde se podem observar as pegadas,
mas tambem de limites geologicos, falhas, etc. Tudo, a meu ver,
muito bem apresentado, didactico e de simples leitura. O folheto
foi feito pelo Conselho de Cultura do Principado das Asturias
e pela Sociedade Regional de Turismo. Sera' que alguma vez as nossas Direccoes Regionais de Turismo
se interessariam por este tipo de assuntos? Ou sera' que ainda
nao foram alertadas para as potencialidades do nosso patrimonio
geologico? Nao seria interessante a comunidade geologica participar
na elaboracao deste tipo de material informativo? Claro que estou a partir do pressuposto que ainda nao ha' nada
feito do mesmo tipo em Portugal. Caso contrario digam qualquer
coisa. Tambem nao estou a ver, por exemplo, uma familia ir com os filhos
a um Posto de Turismo em Sesimbra e a senhora que atende dizer:
- Muito bom dia, deseja visitar o Castelo ou as praias... Uma coisa que me fez uma certa confusao, no folheto espanhol,
e' que com a informacao tao bem dada, nao terao eles problemas
com vandalismo e destruicao do material. Pelas fotos nao me pareceu
haver vedacoes. Ou sera' que GNR espanhola tem algum destacamento
de PaleoPolicias (em americano PaleoCops!). Imaginem um local de interesse geologico e, escondido atras de um arbusto,
um PaleoCop numa moto tipo enduro e com um martelo de geologo na cintura
com um dispositivo que dava descargas electricas. Colegas! Isto e', logicamente, uma satira para ser lida com algum
humor. Cumprimentos PS: ainda em relacao ao humor acho que devo fazer aqui uma pequena
observacao sobre a dino-calinada do meu amigo Paulo Legoinha (4,6
Ma). Estava, para quem nao sabe, a brincar com ele e foi ate'
com o seu consentimento que fiz a observacao. E' que quem escreve
e le^ mails nao ve^ caras e muito menos coracoes e isto por vezes
pode ser injusto!
Turismo Geologico em Portugal Caros Colegas, A proposito do GeoTurismo e da sua divulgacao em Portugal (no
seguimento da mensagem do colega Joaquim Simao): De facto, ha muito que em Espanha as questoes do patrimonio geologico e paleontologico sao tratadas de um modo abrangente, integrado e profissional. E verdade que eles tem uma comunidade geologica maior e mais activa e ja discutem estes problemas ha mais tempo que nos, mas, possivelmente, estava na altura de no's despertarmos para estas questoes (de um modo participado e construtivo). Esta iniciativa das Asturias (apenas uma das inzmeras coisas interessantes que se fazem e se passam em Espanha neste dominio), divulgada pelo colega Joaquim Simao, e' um exemplo de como as coisas depois de discutidas, reguladas e enquadradas (tambim legalmente, porque em Espanha existe legislacao sobre o assunto), podem ter implicacoes que ultrapassam, em muito, o ambito puramente geologico (ate chegam ao aproveitamento turistico). A nivel nacional, e respondendo a questao levantada pelo colega,
ja foram feitas algumas coisas, mas poucas. Falarei de uma em
que estive envolvido: os materiais de divulgacao da Pedreira do
Galinha" na Serra de Aire (Fatima-Torres Novas). (Curiosamente,
tambem ha um folheto para as pegadas do Cabo Espichel, em Sesimbra,
intitulado: Sesimbra, os dinossaurios andaram por aqui ha mais
de cem milhoes de anos..., se calhar ate existe no posto de turismo
local). Com o objectivo de divulgar a nivel nacional a jazida
da Pedreira do Galinha (apos a sua classificacao como Monumento
Natural, em 1996, e integracao no Parque Natural das Serras de
Aire e Candeeiros) foi realizado um "poster" alusivo 'a jazida,
um folheto de divulgacao da pedreia e do seu patrimonio paleontologico
e uma pequena brochura sobre pegadas de dinossaurio. Estes materias,
em principio, deveriam ter sido distribuidos pelos postos de turismo
da regiao, e nao so (se o foram ou nao, nao sei, essa questao
transcende as minhas atribuicoes na materia). O folheto de divulgacao
ja vai na segunda tiragem de 10.000 exemplares e, paralelamente,
fizeram-se versoes em frances e ingles (10.000 exemplares de cada).
(P.S. - estes materias foram produzidos com apoios varios: Grupo
Paleo do MNHN, Museu Nacional de Historia Natural da Univ. de
Lisboa, Quercus, STEA, PNSAC, Programa Ambiente, etc.) Sera que estes materiais chegaram ate vos? Sera que (apesar dos
20.000 folhetos distribuidos) se conseguiu chegar a toda a gente
potencialmente interessada ou a cativar? Se calhar nao! Em suma:
e preciso fazer mais e melhor (sempre). (Para mais informacoes sobre a Pedreira do Galinha e/ou para -
tentar - obter estes materiais sugiro que contactem: PNSAC - Parque
Nacional das Serras de Aire e Candeeiros; tel. 043-90168; fax:
043-92605). Por que nao se fizeram mais materias e de outros tipos? Porque
somos poucos e nao damos para as encomendas. Alem disso, falo
por mim, por muito prazer que me de^ fazer estas coisas, nao
sao estes trabalhos que poe o pao (e, ja agora o chourico e o
tintol), em cima da minha mesa ao fim do mes..., porque os faco
"'a borla", por amor 'a camisola e, ate', em claro detrimento
da progressao na carreira (enfim, faco-o porque quero, nao me
entendao mal). Era preferivel estarem a pagar um ordenado a um
jovem geologo (nao que eu seja velho...) para fazer estas coisas.
Por outro lado, quando, por vezes, se sugerem novas iniciativas,
a resposta mais frequente e': falta de verba. Para que as nossa Direccoes de Turismo (eventualmente) se interessarem
pelo assunto e preciso que haja produto para vender. Ora e impossivel
vender patrimonio geologico ou paleontologico em bruto. E necessario
que quem esteja habilitado para isso (nao os curiosos e os amadores
e os faz de tudo para todos, lamento mas e o que eu penso!) descodifique
essa informacao e a torne acessivel ao grande publico: crie textos
de divulgacao, crie itenerarios de visitas, escolha as imagens,
enquadre e acompanhe os visitantes, e etc. (para isso tambem necessitamos
de mais geologos encartados, ou vamos dar esses empregos especializados
a curiosos? Perdoem o tom "pseudo-agressivo", mas ele resulta,
sobretudo, da impessoalidade do texto e, tambem, do facto de eu
me entusiasmar - positivamente - com estes temas). Ou seja, como
o colega Joaquim Simao sugere (e eu apoio), e preciso que a comunidade
geologica se empenhe neste processo. E, ainda antes de tudo isto, e preciso saber (por exemplo) quais
as regras de acesso aos monumentos geologicos. Nao vamos mandar
milhares de potenciais geoturistas "'a balda" para os nossos (do
pai's!) afloramentos para apanharem fosseis (isto foi so um exemplo,
ha outros). Quanto 'a questao do vandalismo. Vandalismo, infelizmente, ha
em todo o lado. A diferenca esta em que em Portugal nada e feito
para o evitar e, como, normalmente, desconhecemos outras realidades,
pensamos que "la' fora" tambem e assim. Em Espanha existe legislacao
sobre a proteccao do patrimonio paleontologico (notem o detalhe
legislativo: nao e geologico em geral, mas sim paleontologico;
para outros objectos geologicos ha, tambem, legislacao propria),
noutros paises ate' existem locais onde e' PROIBIDO martelar e
colher amostras. Nao vamos colocar o "carro 'a frente dos bois",
so depois de os locais estarem devidamente salvaguardados, enquadrados
e valorizados (quando for caso disso), e' que a sua divulgacao
e exploracao geoturistica (por exemplo) pode e deve deve ser feita
(caso contrario, em vez de divulgar o patrimonio estaremos a contribuir
para a sua degradacao acelerada). Como, por exemplo (por acaso,
creio que o unico), e' feito na Pedreira do Galinha: o local encontra-se
vedado (protegido por uma vedacao), a seguranca dos visitantes
foi tida em conta (porque e' uma pedreira desactivada), foram
colocados leitores de paisagem com informacao, foi estabelecido
um percurso uniformizado e criado um pequeno centro de apoio.
E' pouco? Certamente que sim!, mas e um comeco. E agora um pequeno 'a parte. Oh colega Joaquim Simao, por favor,
envie mais epissdios do "PaleoCops" que aqui o pessoal adorou
(principalmente a parte do TzzzzzTzzzzz...). Isto a brincar a
brincar tambem se fala de assuntos serios! Transcrevo parte do primeiro episodio da serie (que eu espero
longa) dos PaleoCops! "(...) Mas, a proposito do dente de Tyrannosaurus: em Espanha as jazidas
de vertebrados fosseis estao (por definicao) protegidas por lei
e e' ilegal recolher materiais sem autorizacao previa de entidades
competentes (normalmente das Autonomicas). E quem for apanhado
a faze-lo sem a devida autorizacao vai dentro, e os fosseis sao
confiscados, e quem o apanha e a Guardia Civil (os PaleoCops espanhois).
Nao estaria na altura de pensarmos no assunto, a serio, construtivamente,
em relacao ao patrimonio geologico nacional? Dai ter sugerido,
ha uns "mails" atras, que se discutisse a criacao uma reserva
paleontologica nacional (seja la o que isso for, nao ha precedentes,
ha que discuti-lo) que abrangesse as ricas arribas litorais da
Regiao Oeste (em dinossaurios, ovos, etc...). Saudacoes geologicas, Carlos Marques da Silva (Jan/98)
Patrimonio geologico Caros colegas No que respeita a preservacao do patrimonio geologico, gostaria
apenas de referir um caso que conheco em Portugal que e da iniciativa
da Camara Municipal de Arouca, e que alguns dos colegas concerteza
ja conhecem. Na Serra da Freita aflora um granodiorito (granodiorito de Castanheira)
com extensao nao superior a 1 quilometro quadrado, que tem a
particularidade de apresentar nodulos de biotite (com dimensoes
que podem variar de 1 a 10 centimetros, aproximadamente) que,
tanto quanto eu conheco, nao existem em mais lugar nenhum na
Peninsula Iberica (pelo menos). Estes nodulos de biotite estao
orientados segundo a foliacao principal, que no centro do corpo
e sub-horizontal, o que associado a meteorizacao e ao facto de
haver uma linha de agua que o atravessa, possibilita a sua desagregacao.
As gentes da regiao chamam-lhe PEDRA PARIDEIRA. Devo dizer que estes nodulos de biotite sao muito raros e muito
bonitos, e o facto de se desagregarem facilmente levou a que
fossem objecto de "pilhagem" por parte dos visitantes. Para evitar
que a "pilhagem" fosse total, a Camara Municipal de Arouca, ja
ha mais de um par de anos, teve a iniciativa de vedar (com rede)
uma pequena porcao do afloramento do granodiorito. Suponho que
esta autarquia tem um folheto sobre a Serra da Freita, que a
promove sob o ponto de vista turistico, e no qual refere a existencia
das PEDRAS PARIDEIRAS. Saudacoes geologicas Jorge Medina - jmedina@geo.ua.pt (Jan/98) Sou habitante da freguesia de Cacela e soube à relativamente pouco da existencia da jazida fossilífera na minha freguesia; após colher informações junto de uma professora de geologia, resolvi visitar a área correspondente à jazida; o cenário que encontrei foi lamentável... Frederico Rosa - luisfgrosa@clix.pt (Fev/2004)
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