O que se entende por subvulcanismo ("ring-dike")?
O que são complexos subvulcânicos?
Li que os pequenos maciços de Sintra, Sines e Monchique constituem três estruturas subvulcânicas, casos particulares da geologia portuguesa. Também sei que aqueles três maciços de idade alpina estão relacionados com a formação de caldeiras subterrâneas. Porquê? Estou um pouco confusa em relação a este assunto, poderão esclarecer-me?

 

Subvulcanismo é um domínio de formação de rochas ígneas (hipabissais) a profundidades relativamente pequenas na terra (Hipabissal=Subvulcânico).

"Ring dike" ou dique circular é a designação atribuída a intrusão magmática que se instala em fracturas de contorno mais ou menos circular, podendo em alguns casos, limitar uma bacia de subsidência.

Complexo subvulcânico será um complexo de rochas ígneas formado num domínio subvulcânico.

Caldeira: cratera, em geral de grandes dimensões, formada pelo colapso ou subsidência da parte central de um edifício vulcânico.
(O que é, para si, uma caldeira subterrânea?)

Soleira, dique, lacólito são alguns dos modos de jazida das rochas ígneas.

Relativamente aos Maciços de Sines, Sintra e Monchique são, sem dúvida, muito importantes no contexto da geologia portuguesa. De modo muito resumido e citando, a título de exemplo, alguns autores:

Segundo ROCK (1983) o Maciço de Monchique talvez seja um facólito ou lacólito subvulcânico. Segundo TEIXEIRA (1962, 1980) o Maciço de Sintra tem estrutura anelar subvulcânica (tipo "ring dike"). Segundo CANILHO (1972), TEIXEIRA (1980) o Maciço de Sines tem estrutura anelar subvulcânica.

Os 3 maciços são atribuídos, de modo geral, ao final do Cretácico estando, mais uma vez a título de exemplo, datados:
-Maciço de Monchique (72 Ma, segundo ROCK (1983))
-Maciço de Sines (67-78 Ma, segundo CANILHO (1972))
-Maciço de Sintra (95,3±8 Ma, segundo ABRANCHES & CANILHO (1980))

Segundo COELHO (1974) os 3 maciços estariam integrados no mesmo processo tectónico-magmático relacionado com a abertura do Atlântico norte, formação de "rifts" e abertura do Golfo da Biscaia. Mais informaçÑo sobre datação e génese dos 3 maciços pode também ser obtida, por exemplo, em AIRES-BARROS (1979), MENDES (1967-68), GONÇALVES (1967) e em muitos outros trabalhos de vários autores. A lista de trabalhos referenciados não é de modo nenhum exaustiva. Foram aqueles que, na tentativa de dar resposta breve à Carolina, me estavam mais acessíveis.

Esperando ter contribuído para o esclarecimento da geo-dúvida,

Geocumprimentos,
J.Simão jars@helios.si.fct.unl.pt
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REFERÊNCIAS

ABRANCHES, M.C.B. & CANILHO, M.H. (1980)- Estudo de geocronologia e geologia isotópica, pelo método do rubídio-estrôncio, dos três maciços mesozóicos portugueses: Sintra, Sines e Monchique. Bol. Soc. Geol. Portugal, Lisboa, vol. XXII, pp. 385-390.

AIRES-BARROS, L. (1979)- Actividade ígnea pós-paleozóica no continente português (elementos para uma síntese crítica). Ciências da Terra, UNL, vol. 5, pp. 175-214.

CANILHO, M.H. (1972)- Estudo geológico-petrográfico do maciço eruptivo de Sines. Bol. Mus. Lab. Min. Geol. Fac. Ciên. Univ. Lisboa, vol 12(2).

COELHO, A.V.P. (1974)- Téctónica comum na génese dos maciços de Sintra, Sines e Monchique. Nota prévia. Bol. Soc. Geol. Portugal, Lisboa, vol. XIX(II), pp. 81-90.

GONÇALVES, F. (1967): Subsídios para o conhecimento geológico do maciço eruptivo de Monchique. Comun. Serv. Geol. Portugal, Lisboa, Tomo LII, pp 169-184.

GONÇALVES, F. & TEIXEIRA, C. (1980)- Introdução à Geologia de Portugal. I.N.I.C., Lisboa, 475 pp.

MENDES, F. (1967-68): Contribuition à l´étude géochronologique, par la méthode du strontion, des formations cristallines du Portugal. Bol. Mus. Lab. Min. Geol. Fac. Ciên. Univ. Lisboa, vol 11(1), 155 pp.

ROCK, N.M.S. (1983): Alguns aspectos geológicos, petrológicos e geoquímicos do complexo eruptivo de Monchique. Comun. Serv. Geol. Portugal, Lisboa, tomo 69 (2), pp.325-369.

TEIXEIRA, C. (1962)- La structure annulaire subvolcanique des massifs éruptifs de Sintra, Sines et Monchique. Estudos científicos oferecidos em homenagem ao Prof. Doutor J. Carrington da Costa, J.I.C.U., Lisboa, pp. 461-493.

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