Qual a importância da palinologia em estratigrafia? Quais os principais grupos de palinomorfos e qual a sua importância estratigráfica, paleoecológica e paleogeográfica?

O termo palinologia foi criado por Hyde & Williams (1944 in Tschudy & Scott 1969) para designar o estudo de pólenes e esporos (fósseis e actuais). Grande parte dos palinólogos utilizam-no para designar o estudo de palinomorfos encontrados nas rochas sedimentares.

A palinologia constitui uma sub-divisão da paleobotânica, sendo o seu estudo facilitado por quatro características que os pólenes e esporos possuem (Tschudy e Scott 1969):
- a grande resistência à degradação, o que facilita a preservação como fósseis;
- as dimensões (normalmente inferiores a 150 micra), as quais possibilitam o transporte e a deposição em conjunto com sedimentos finos;
- a complexidade morfológica, o que permite distinguir e caracterizar diferentes formas;
- e a produção em elevado número, o que facilita a recolha e o estabelecimento de estudos estatísticos significativos.

Os palinomorfos representam partes preservadas de vários organismos ou estruturas orgânicas, com dimensões variando entre 10 e 500 micra. Nos palinomorfos são incluídos esporos, pólenes, microorganismos planctónicos e bentónicos com carapaça não mineralizada (dinoflagelados, quitinozoários, acritarcas). Muitos palinomorfos, especialmente pólenes, esporos e dinoflagelados, tendem a ser mais abundantes que outros fósseis. A esporopolenina, principal componente das paredes dos palinomorfos é provavelmente um dos compostos orgânicos mais inertes quimicamente.

A palinologia é importante para a Estratigrafia na medida que dá indicações acerca da idade relativa (tempo geológico) dos sedimentos e permite caracterizar os ambientes (temperatura, humidade, marinho/continental), em que se formaram os sedimentos que contém os palinomorfos:
- os esporos e pólenes permitem-nos conhecer a evolução da vegetação na Terra (últimos 420 milhões de anos);
- os microorganismos (foraminíferos, dinoflagelados, quitinozoários) planctónicos (que flutuam) e/ou bentónicos (que vivem junto ou enterrados nos fundos) dão-nos indicações acerca da idade relativa dos sedimentos e permitem estimar a profundidade, temperatura, luminosidade e salinidade das águas dos mares (e/ou lagos) em que viveram.

Assim, a palinologia ajuda-nos a conhecer melhor a evolução do planeta Terra, principalmente no que diz respeito à geografia e climas.

Lígia Sousa ls@mail.fct.unl.pt

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