Contribuição 1
Com efeito o território continental português já teve actividade vulcânica - o complexo basáltico da zona de mafra-Lisboa é evidência deste facto. também na zona de Peniche existem algumas evidências nomeadamente "bombas vulcânicas".
Ana Antão (IPG)
anantao@ipg.pt
Contribuição 2
Efectivamente não é uma informação errada. Em Portugal continental já existiu vulcanismo activo, embora já à muitos milhões de anos. A região que vai de Lisboa até à zona da nazaré, apresenta hoje em dia algumas formações que provêm dessa mesma actividade.
A actividade vulcânica na zona de Ossa-Morena teve lugar no Câmbrico (diabases) e no Silúrico (vulcanitos). Estamos a falar de tempo de ordem de grandeza dos 400 aos 550 Ma.
Mais recentemente, instalaram-se os maciços eruptivos, subvulcânicos de Sintra, Sines e Monchique a que se sucedeu o vulcanismo expresso pelo já referido complexo vulcânico de Lisboa-Nazaré, onde se encontram materiais extrusivos (lavas e piroclastos) e filonianos, diques, chaminés e soleiras. Isto aconteceu no Cretácico superior, à cerca de 70 Ma. Alguns autores admitem que este vulcanismo se prolongou pelo início do Terciário.
Paulo Morgado (DG-UA)
pmorgado@geo.ua.pt
Contribuição 3
Não pretendo ser muito extenso na minha resposta, mas parece-me que os manuais estão correctos....Portugal Continental é que não existia da forma que o vemos hoje quando os vulcões nos 'visitaram'.
Vejamos...Sem ir muito longe no tempo e restringido-me aos períodos em que vulcões (quero dizer, cones elevados de lava) foram formados, existem alguns exemplos no Alentejo e região de Lisboa.
No Paleozóico (Devónico-Carbónico inferior) o Alentejo fazia parte de uma extensa margem oceânica sujeita a compressão. Grande parte das pirites Portuguesas e Espanholas (Aljustrel, Neves Corvo, Rio Tinto, etc.) resultam da formação de um extenso complexo vulcano-sedimentar submarino durante esse período.
No Mesozoíco português há indícios de vulcanismo no Triássico , Jurássico inferior e Jurássico superior, nomeadamente no Algarve e Estremadura, mas vulcões, nem vê-los... No final do Cretácico (Campaniano-Maastrichtiano) a região de Lisboa teve o 'prazer' de experimentar uma fase de intenso vulcanismo basáltico....Basta ir a Alfragide para ver um bom exemplo de um antigo cone vulcânico em frente ao edifício do Instituto Geológico e Mineiro. Cones semelhantes ocorrem entre Torres Vedras e Lisboa....e foram sobejamente utilizados como pavimento nas ruas antigas de Lisboa (o calcário desgasta-se depressa e é
muito pouco aderente, ao contrário do basalto). Mais uma vez, toda esta actividade vulcânica ocorreu debaixo de água, como parecem comprovar as faunas de Gastrópodes encontradas. A partir do Cretácico vulcanismo ocorreu nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
Dúvidas mais específicas poderão ser debeladas com a leitura (em Francês!) de:
Ribeiro, A., Antunes, M.T., Ferreira, M.P., Rocha, R.B., Soares, A.F., Zbyszewski, G., Moitinho de Almeida, F., Carvalho, D., Monteiro, J.H. (1979). Introduction à la Géologie generale du Portugal. Edições dos
Serviços Geológicos de Portugal: 114p.
É um pouco antigo, mas ainda uma ajuda preciosa para quem quer ter uma visão global da Geologia Portuguesa.
Espero ter sido útil.
Tiago Marcos F.M. Alves (Manchester, UK)
talves@fs1.ge.man.ac.uk