Os mastodontes esperam por si em Lisboa
Por TERESA FIRMINO
Quarta-feira, 10 de Setembro de 2003

Os mastodontes, parentes dos elefantes modernos, extinguiram-se há cerca de dez mil anos. Os ossos são o que resta destes animais munidos de duas enormes presas ligeiramente curvadas para cima e uma pelagem abundante, que os protegia do frio. Em Portugal, a presença dos mastodontes é bastante conhecida em Lisboa e nos vales do Tejo e do Sado - e são precisamente fósseis da cidade de Lisboa que os visitantes podem ver, até ao final de Dezembro, no Museu do Instituto Geológico e Mineiro, no âmbito da exposição "Retrato de Família: Mastodontes & Cia."

Os mastodontes apareceram em África há cerca de 35 milhões de anos e depois espalharam-se pela Europa e pela Ásia. Há quase quatro milhões de anos migraram ainda para a América do Norte, através do estreito de Bering.

Os últimos mastodontes desapareceram da Terra depois de ter terminado a última idade do gelo. De facto, estavam bem adaptados ao frio, com pêlo castanho comprido e muito denso. Também possuíam presas longas, que podiam atingir dois metros de comprimento, e tê-las-iam usado para escarafunchar a neve à procura de comida - folhas das árvores, arbustos e rebentos de várias plantas, já que os mastodontes eram herbívoros.

Mais pequenos que os elefantes actuais, os mastodontes atingiam dois a três metros, na altura do dorso. Mas não foram os únicos mamíferos gigantes extintos que têm algo a ver com os elefantes.

Os mamutes, que são classificados como elefantes, estão entre os animais extintos mais conhecidos. Mais cabeçudos que os mastodontes, também eram maiores que estes e os elefantes actuais, podendo ter mais de quatro metros de altura. Um pêlo espesso, presas longas e bastante encurvadas são outras das características destes animais, que apareceram há 135 mil anos e desapareceram há cerca de cinco mil anos. Viviam em climas frios e, à medida que a Terra ficava mais quente, foram-se mudando para as regiões mais a norte. Na Sibéria têm sido encontradas carcaças de mamutes, preservadas no gelo.

Tanto os mastodontes como os mamutes faziam parte da dieta dos humanos e eram intensamente perseguidos, o que, além das mudanças climáticas, é apontado como uma causa para a sua extinção. Mas a família, em sentido comum, dos mastodontes inclui outros parentes também já desaparecidos, como os gonfotérios e os dinotérios. A tromba é um elemento comum a todos.

Em Portugal, a presença de mastodontes, diz a informação distribuída pelo Museu do Instituto Geológico e Mineiro, é sobejamente conhecida nas formações geológicas do Miocénico e do Pliocénico, duas épocas que se estenderam entre há 25 milhões e dois milhões de anos. Também foram encontrados fósseis no vale do Sado. A primeira referência na bibliografia à existência de mastodontes no que agora é Portugal data de 1907, mencionando o fragmento de um dente nas formações da Azambuja.

Os fósseis da exposição foram todos recolhidos pelo geólogo Georges Zbyszewski, nas diversas jazidas miocénicas da cidade de Lisboa, entre o final da década de 30 e a de 50.

"Retrato de Família: Mastodontes & Cia"

Museu do Instituto Geológico e Mineiro, em Lisboa

Até 30 de Dezembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h

Preço: 0,75 euros (estudantes e reformados) e 1,25 euros (público em geral)

© 2000 PÚBLICO Comunicação Social, SA
Emails: Direcção Editorial - Webmaster - Publicidade
página anterior